Quem poderia imaginar que um pequeno homem venceria um exército inteiro?
Pois então, uma verdadeira batalha entre “Davi e Golias” foi travada nas últimas décadas. Alguns de nós foram testemunhas de uma reviravolta. Uma batalha que começou na década de 90, especificamente em 1996 com a publicação de “A Caixa-Preta de Darwin: o desafio da bioquímica à teoria da evolução”, se desenrolou pela primeira década do novo milênio e chegou recentemente ao seu desfecho com o Darwin Devolves.
Complexidade Irredutível
Segundo Behe, no Caixa Preta de Darawin, algumas estruturas e padrões na vida exibem configurações que não são alcançadas por passos sucessivos e graduais com vantagem imediata. O design biológico, que atribuíam à seleção natural, teria que ter outra explicação nitidamente mais engenhosa que pudesse conceber vantagem futura. Essa característica, que requer investimento sem qualquer vantagem imediata para ser formada, foi chamada “complexidade irredutível”.
Ao mesmo tempo, o argumento de design se encaixou perfeitamente na relação causal. Por quê? Porque a inteligência não precisa ter vantagem imediata. Aliás, a inteligência causa padrões diferentes das ações naturais justamente por esta razão.
Reação da Nomenklatura Científica
A “Nomenklatura Científica”, acadêmicos que fazem defesa ostensiva da evolução darwiniana, tentaram a todo custo desacreditar a argumentação da complexidade irredutível. De fato, o argumento de Behe foi o mais atacado e o mais problemático seja para ataque ou defesa. A primeira definição de Behe era até ingênua, como acontece inicialmente com a maioria das propostas científicas. Mas, em 2002, Behe adicionou então uma definição mais acurada baseada no conceito de passos não selecionados:
“Um caminho evolutivo irredutivelmente complexo é aquele que contém um ou mais passos não-selecionados (ou seja, uma ou mais mutações necessárias mas não-selecionadas). O grau de complexidade irredutível é o número de passos não-selecionados na via.”
Repare que o conceito de “passos não selecionados” traz a vantagem evolutiva para o centro do debate. Agora o ponto central do argumento estava claro, ainda assim os debates permaneceram acirrados. Qualquer coisa afirmada poderia ser negada no mesmo nível de incerteza. Martin Nowak resumiu o cenário geral:
“Nós não podemos calcular a probabilidade do surgimento do olho. Nós não possuímos a informação para fazer os cálculos”
Martin Nowak (2005). Time Magazine, 15 August 2005, page 32.
A questão difícil e embaraçante parecia incontornável diante da dificuldade de avaliar os cenários. As especulações eram numerosas e nebulosas, isso favorecia as posições estabelecidas (Nomenklatura Científica), mas em nenhum momento Behe desanimou do que havia percebido ou retrocedeu diante de todo tipo de intimidação. Pelo contrário, ele aperfeiçoou a descrição da dinâmica evolutiva para a forma atual. Nesse ínterim, o próprio conceito complexidade irredutível deixou de ser tão usado porque os contornos da dinâmica evolutiva não chegaram tão longe.
The Edge of Evolution (2007): Os Limites da Evolução
Quando Behe inverteu a questão, a Complexidade Irredutível passou a ser o ponto final, não mais o inicial pra resolução do problema. Ao invés de avaliar a possibilidade de redução ou surgimento por chance, Behe passou a avaliar os contornos do processo evolutivo: até onde as ondas do mar evolutivo chegam? Afinal, se pequenas novidades biológicas não forem alcançadas, teremos automaticamente a resposta para as grandes novidades como motores e máquinas moleculares. Em resumo: até onde o darwinismo vai?
Em Edge of Evolution, Behe encontrou os limites da evolução bem superficiais, muito longe da complexidade irredutível. Também afirmou que o mecanismo darwiniano era autolimitante. Mas ainda assim não era nada definitivo, as afirmações de Behe podiam ser contestadas e mantidas em suspenso até que mais dados experimentais corroborassem ou refutassem suas afirmações. Enquanto isso, os mesmos argumentos contra a complexidade irredutível permaneceram estagnados. Casey Luskin resumiu bem o raciocínio insuficiente das críticas e respondeu com réplica avassaladora.
Durante muito tempo essa discussão seria indisputável por ausência de dados e, de fato, essa pesquisa só se tornou possível nos últimos vinte anos, agora que a tecnologia permitiu o sequenciamento do DNA em um grande número de organismos. Pela primeira vez, afirmações evolutivas puderam ser adequadamente testadas.
Entre 2013 e 2016, artigos começaram a confirmar as afirmações de Behe sucessivamente, inclusive alguns laboratórios que tentavam refutar o argumento. Nós próprios experimentos tentando favorecer o processo evolutivo, como os sobre resistência a antibióticos, o cenário real começou a ser delineado.
Você pode conferir: Rápida reprise do The Edge of Evolution (feito pelo próprio Behe).
Darwin Devolves (2019): Desevolução de Darwin
E então, para agravar o quadro geral, Behe foi procurar saber as tendências darwinianas: qual o padrão dominante do comportamento evolutivo? E percebeu que as tendências do darwinismo nos sistemas biológicos é o declínio, não o acúmulo de funcionalidades. Esse é o Darwin Devolves: uma “desevolução” pelo mecanismo darwiniano.
Com ironia suprema, acontece que… a evolução darwiniana procede principalmente danificando ou quebrando genes, o que, contra-intuitivamente, às vezes ajuda a sobrevivência. Em outras palavras, o mecanismo é poderosamente des-evolutivo. Promove a rápida perda de informação genética. Experimentos de laboratório, pesquisa de campo e estudos teóricos indicam que, como resultado, a mutação aleatória e a seleção natural tornam a evolução autolimitada. Ou seja, os mesmos fatores que promovem a diversidade nos níveis mais simples da biologia impedem ativamente que ela seja mais complexa. O mecanismo de Darwin funciona principalmente desperdiçando informações genéticas para ganhos de curto prazo.
O processo lembra muito a Entropia Genética de John C Sanford, que no final de 2017 demonstrou que o teorema original de Fisher, entendido como uma prova matemática de que a evolução darwiniana é inevitável, está errado.
Uma tendência dominante limitativa, quando não destrutiva, nos faz entender o porque a ciência darwiniana sempre foi uma luta contra os dados.
Esse então é um pequeno resumo do triunfo de Behe.
Observação: Ele estará no 2º TDI Brasil Rio de Janeiro em Maio.
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