O que é Entropia Genética?

Se a entropia genética for real, como eram os sistemas originalmente?

Entropia Genética é um termo cunhado por John C Sanford para descrever a dinâmica evolutiva dos genomas em uma perspectiva onde o declínio contínuo da aptidão é uma tendência. Mas o que seria exatamente a Entropia Genética? Nas palavras do próprio Sanford:

É a degeneração genética dos seres vivos. A entropia genética é o colapso sistemático dos sistemas internos de informação biológica que tornam a vida viva. A entropia genética decorre de mutações genéticas, que são erros tipográficos na programação da vida (manuais de instrução da vida). As mutações sistematicamente “corroem” a informação que codifica as muitas funções essenciais da vida. A informação biológica consiste em um grande conjunto de especificações, e as mutações aleatórias sistematicamente misturam essas especificações – gradualmente, mas implacavelmente, destruindo as instruções de programação essenciais à vida.

Segundo Sanford, a nível individual as nossas células acumulam aproximadamente 3 novas mutações (erros de processamento de texto) a cada divisão celular. Assim, elas se tornam mais mutantes e diferentes entre si todos os dias. Na nossa velhice, cada célula já acumulou dezenas de milhares de mutações. Mas há outro nível de entropia genética que nos afeta como população. As mutações ocorrem em todas as nossas células, incluindo nossas células reprodutivas, logo muitas de novas mutações são passadas para os nossos filhos. Então as mutações se acumulam continuamente na população como um todo – com cada geração sendo mais mutante que a anterior. Portanto, não apenas passamos por degeneração genética individualmente, mas também estamos passando por degeneração genética como população. Esta é essência evolutiva de ir pelo “caminho errado”.

A seleção natural pode desacelerar, mas não pode parar, a entropia genética no nível da população.

A seleção natural tem sido o principal fator para perpetuar a integridade da informação genética. Os indivíduos com maior integridade permanecem, mas esse processo “nivela por baixo“. Nivela por baixo porque a grande maioria das mutações é deletéria, não é mais possível sustentar que essas mutações e a seleção natural aumentem a aptidão. Se todas as mutações fossem deletérias, seria óbvio que a aptidão diminuiria necessariamente; logo a taxa de declínio é proporcional à gravidade e o volume das mutações deletérias. E as taxas agora são conhecidas.

As Piores Mutações: Efeitos Intermediários

Ele também concluiu que o efeito líquido das mutações “quase neutras”, invisíveis à seleção, deve ser negativo e contribuir significativamente para o declínio genético. As mutações drásticas ou letais, por sua própria natureza, inviabilizam a reprodução do organismo e não se propagam na população não desempenhando qualquer papel na entropia genética. Porém, as mutações deletérias intermediária são as que mais contribuem para o declínio genético – porque, além de não serem facilmente eliminadas, possuem impacto suficiente para causar um sério declínio.

A Inteligência e a Entropia

À parte da inteligência, a informação e os sistemas de informação sempre entram em declínio. Essas constatações são verdadeiras nos desenvolvimentos humanos e são igualmente verdadeiras no campo biológico (ao contrário do que afirmam). A definição mais técnica de entropia, usada por engenheiros e físicos, é simplesmente uma medida de desordem. Tecnicamente, independentemente de qualquer intervenção externa, todos os sistemas funcionais decaem, mudando consistentemente de ordem para desordem (porque a entropia sempre aumenta em qualquer sistema fechado). Para um biólogo, é mais útil empregar o uso mais geral da palavra entropia, que indica que, uma vez que a entropia física está sempre aumentando (a desordem está sempre aumentando), existe uma tendência universal a decadência de todos os sistemas biológicos de informação que estão sem intervenção inteligente.

Interessante notar que é a ideia de Maxwell para vencer a entropia, que depois chamaram de “demônio” de Maxwell, é uma agência inteligente atuando como um Nous de Anaxágoras.

Alguns trabalhos decorrentes

Em julho de 2013, John C Sanford esteve entre os autores da coleção Biological Information: New Perspectives apresentada no Proceedings of the Symposium da Cornell University. A obra com 584 páginas foi escrita majoritariamente por defensores do Design Inteligente, entre eles: Robert J Marks II, Michael Behe e William Dembski.

Em 2015, Sanford publicou com o ilustre John Baumgardner o artigo The waiting time problem in a model hominin population(artigo), onde o problema de tempo para mutações frustra as expectativas evolutivas:

Simulações numéricas biologicamente realistas revelaram que uma população desse tipo requeria tempos de espera excessivamente longos para estabelecer até mesmo as cadeias de nucleotídeos mais curtas. Estabelecer uma cadeia de dois nucleotídeos necessários em média 84 milhões de anos. Estabelecer uma cadeia de cinco nucleotídeos exigiu em média 2 bilhões de anos. [E] … mesmo usando as configurações de parâmetros factíveis mais generosas, o tempo de espera necessário para estabelecer qualquer cadeia de nucleotídeos específica dentro desse tipo de população era consistentemente proibitivo.

No fim de 2017, Sanford e Basener corrigiram o Teorema de Fisher. Em um trabalho baseados em dados reais sobre mutações, não disponíveis no tempo de Fisher, eles demonstraram o Corolário de Fisher estava errado. O corolário era resultante do teorema ao se assumir que as mutações tinha o efeito de aptidão líquido neutro. Hoje sabemos que a maioria é deletéria e o corolário está falseado. Assim, a crença de Fisher de ter desenvolvido uma prova matemática de que a aptidão tende a aumentar também está falseada.

Veja mais sobre este último ponto em O Corolário Darwiniano de Fisher é Demonstrado Falso.


Site: John C Sanford. Genetic Entropy. (Acessar)

O Corolário Darwiniano de Fisher é Demonstrado Falso


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