Métodos para o Design – Sinais do Espaço

Há algum método para reconhecimento de padrões de design?
Que teoria unificaria esse aspecto singular da natureza?

Todos os dias ondas de rádio chegam na Terra vindas de vários pontos do Universo. Essas ondas são produzidas de acordo com a composição e interação de elementos no espaço. Por essas ondas é possível saber aspectos e características de nebulosas, planetas, estrelas e outros corpos celestes.

Sempre houve no homem o interesse e a curiosidade de explorar o que está além, uma prova é que conhecemos melhor o solo lunar do que o fundo dos oceanos. Olhando para Terra temos a vida, como uma mensagem que fala sobre si mesma, reproduzindo sua própria informação, e um pouco além de si mesma, exibindo exuberância de sinais sobresselentes.

Se a vida fosse som, nós, nesse cenário peculiar e raro, seríamos música, contrastando com o imenso, vazio e silencioso Universo. Esse silêncio exasperou a ânsia por algo além de nós e há algumas décadas nossas tecnologias foram direcionadas aos sinais vindos do espaço.

Três sinais se destacaram nas décadas de observação: primeiro o LGM-1, depois o Wow! signal e, desde a década passada, as FRBs.

LGM-1

O sinal chamado inicialmente de LGM-1 – Little Green Men – 1, que significa “pequenos homens verdes” – foi descoberto pela jovem Jocelyn Bell em 1967. A característica que chamou a atenção foi uma regularidade distinta de tudo o que se conhecia na época. A hipótese de que fosse apenas ruído, por causa da regularidade, foi descartada rapidamente. Outra hipótese considerada foi a de ser um “beacon”, isso é, uma espécie de farol sinalizador intencional para atrair a atenção, como ocorre nas sinalizações humanas. Mas logo descobriram um sinal similar vindo de outra região do espaço e abandonaram essa ideia.

Frequência com picos regulares

Quando o anúncio da descoberta foi feita, o renomado e famoso astrônomo Sir Fred Hoyle identificou imediatamente a fonte de emissão do sinal como uma estrela de nêutrons (pulsar). Provavelmente era expectativa dele a partir dos dados disponíveis.

Por essa razão e citando esse caso Paul Shuch, que coordena grupos amadores que apoiam o SETI (projeto que procura vida inteligente no espaço), faz a seguinte observação [1]:

“Existe o risco de que qualquer sinal que não possa ser produzido por nenhum mecanismo natural conhecido possa ter sido gerado por um fenômeno astrofísico que ainda não descobrimos”.

Wow! signal

O Wow! signal foi aparentemente solucionado várias vezes, como em 2015[2], mas sempre recebe alguma objeção igualmente crível[3]. Percebemos que as inferências são feitas sobre alguns aspectos: força do sinal, contraste com as ondas habituais (o que é considerado “normal”) e certa regularidade. Essa última parece não ser levada em conta no caso do Wow! signal, que durou cerca de 72 segundos:

Wow signal: perceba que esse sinal quebra regularidade, é uma anomalia, mas não possui qualquer regularidade interna.

O Wow! signal dos astros permanece uma incógnita, sem qualquer fonte humana correspondente (a recaptação de algum sinal) e nem qualquer fonte natural que produza efeito semelhante. É muito provável que possua fonte natural por não ter qualquer assinatura de inteligência. Em todo caso a amostra era muito curta. Na Terra um “Wow! biológico” é abundante, a adaptação de uma abordagem científica pode ser conferida aqui.

FRBs

As FRBs (Fast radio bursts), que significa “rajadas rápidas de rádio”, são as últimas candidatas para sinal de artificialidade. O curioso é que essa hipótese é levantada também pelo contraste e não pelo sinal em si. As rajadas são extremamente fortes e curtas. Embora durem milissegundos, essas rajadas de rádio podem emitir tanta energia quanto 500 milhões de sóis[4].

As primeiras FRBs foram descobertas em 2007 a partir de dados coletados em 2001. Após isso mais FRBs foram encontradas de dados coletados anteriormente. A hipótese de que eram explosões as responsáveis por esse tipo de sinal extremamente forte foi derrubada com a descoberta de que uma dessas fontes se repetia com certa regularidade[5].

Enfim…

Nenhum desse sinais carrega qualquer assinatura de inteligência. Alguns produtos da ação inteligente realmente não carregam qualquer traço ou padrão de design. As emissões de radiação por explosões de artefatos nucleares na Terra poderiam ser captadas como anomalias ao comportamento natural e inferidas como tendo causa inteligente por uma civilização próxima (o acerto seria meramente por sorte). Esse é o paralelo que podemos fazer com a precipitação em inferir causa inteligente em qualquer desses sinais. É, por padrão, uma inferência frágil: somente pelo contraste dos padrões naturais conhecidos e não pelas características próprias do design. Provavelmente a ingênua e eterna reserva teórica naturalista, a saber,”não conhecemos todos os padrões que a natureza pode produzir e portanto não podemos inferir design”, seria invocada.

Agora, sobre a inferência precipitada: os ativistas arvoram como absurdo a inferência ao design como se fosse em detrimento da própria ciência. Mas nenhum deles se importa com as miríades de hipóteses, na maioria das vezes implausível em todos os passos, que sustentam e apresentam como quase-fatos para explicar a realidade biológica. Toda rejeição a priori é baseada em metafísica de ignorância e de posse de um monopólio da verdade sobre como a natureza deve ser ou se comportar. Sem falar das famosas promissórias…

Informação: ruído versus sinal (clique aqui)
É bom observar que os conceitos de sinal e ruído são relativos ao campo de estudo em que estão sendo empregados. Em todo caso o tipo de emissão que transmite informação intencional é sempre sinal enquanto as emissões da natureza podem, conforme contexto, ser consideradas ruído.

Referências

[1] Shuch, Paul. “Standards of proof for the detection of extra-terrestrial intelligence.” Bioastronomy 99. Vol. 213. 2000.
(Acessar)

[2] Paris, Antonio, and Evan Davies. “Hydrogen Clouds from Comets 266P Christensen and P2008 Y2 (Gibbs) are Candidates for the Source of the 1977 WOW! Signal.” arXiv preprint arXiv:1706.04642 (2017).
(Acessar)

[3] Dr. Robert S. Dixon. Director, Ohio State University SETI Program.
(Resposta)

[4] Alexandra Witze. Mysterious cosmic radio blasts traced to surprising source. Nature News. 2012.
(Acessar)

[5] Chatterjee, S., et al. “A direct localization of a fast radio burst and its host.” Nature 541.7635 (2017): 58-61.


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