Phillip E. Johnson (1940-2019): O Homem que Acendeu a Chama

Palestra “Darwin on Trial” de Phillip E. Johnson (vídeo)

Editorial

Phillip E. Johnson nos deixou há uma semana, sábado passado (2). Responsável por reunir e dar identidade ao movimento do Design Inteligente, Johnson não contribuiu diretamente com respostas para a teoria, mas com uma simples pergunta: a vida é o resultado de causas naturais cegas e não direcionadas ou é o resultado de um design proposital? Ao focar nessa questão, Johnson transformou todo o debate sobre as origens.

A obra Darwin No Banco Dos Réus, nas palavras de Paul Nelson, disse o que todos nós já sabíamos mas não sabíamos como pensar ou dizer, clarificou e organizou nosso raciocínio. Que o darwinismo é composto de nove partes de filosofia (e imaginação) e apenas uma de dados científicos:

“Quinze anos atrás, publiquei um livro que achei que poderia acrescentar um pouco de equilíbrio ao debate sobre a teoria da evolução de Darwin. O principal argumento desse livro, Darwin No Banco Dos Réus, foi que a evolução é sustentada mais pela filosofia naturalista do que pelas evidências científicas. Para minha surpresa agradável, este livro acabou sendo o fósforo que acendeu o pavio sob uma pilha de toras secas.”

Phillip E. Johnson no Intelligent Design 101 (2008). p. 23.

Ainda sobre a confusão entre ciência e naturalismo filosófico, Nelson explica a importância de Johnson em perceber a lente que nos condicionava a um verdadeiro cativeiro lógico:

Mas naturalismo e ciência em si não são a mesma coisa. Se fossem, a Revolução Darwiniana nunca teria acontecido. Darwin teve que argumentar a favor do naturalismo. Ninguém precisa argumentar por algo, no entanto, se todos já o aceitarem. A ciência floresceu por séculos antes do naturalismo, mas depois deu uma virada naturalista em meados do século XIX. Ainda vivemos nesse universo filosófico, mas a virada naturalista era historicamente contingente, não necessária e poderia ser desfeita se a evidência se recusasse a cooperar. O que Phil viu se aproximando no horizonte foi a rebelião das evidências, expondo o papel crucial da suposição naturalista no coração da cosmovisão evolutiva. Ele detectou a rebelião primeiro nos escritos dos próprios biólogos evolucionários, e também nas reivindicações mais amplas do establishment científico.

Não é difícil perceber interpretações tendenciosas dos fatos e relações fantasiosas entre eventos na literatura, mas perceber a magnitude da linha de raciocínio que gera as narrativas enviesadas depende de algum conhecimento e, especialmente, perspicácia, o que Johnson tinha de sobra:

O que Johnson descobriu ao ler Richard Dawkins, Isaac Asimov, Stephen Jay Gould e outros autores de livros darwinistas conhecidos foi, em suas palavras, uma indiferença “impressionante” aos fatos e raciocínios que lhe pareciam “não-científicos, ilógicos, e desonestos.” Doug Linder, “Phillip E. Johnson” na University of Missouri, Kansas City

Aliás, todos que tiveram o prazer de conhecer Johnson descrevem a perspicácia, habilidade de discurso, o empenho para o esclarecimento de questões e na compreensão dos adversários de ideias.

Ele não é um odiador, nem mesmo um inimigo … É por isso que tantos que discordam dele ainda podem respeitá-lo. (…) Phillip Johnson é um daqueles indivíduos raros que sempre é a mesma pessoa. Ele faz as mesmas perguntas difíceis na Escola Dominical que na sala de aula de Berkeley. Ele tem uma personalidade unificada. Eu o vi em centenas de situações diferentes, e não há divisão em sua alma.

John Mark Reynolds explains in Darwin’s Nemesis. p. 26-27.

O Movimento do Design Inteligente

Os ataques ao trabalho de Johnson vieram com o padrão tradicional de acusações e xingamentos, e exatamente esse tipo de comportamento ajudou na formação do movimento do Design Inteligente, como descreve David Klinghoffer citando Behe:

Ironicamente, esforços intemperantes para atacar Johnson frequentemente acabavam atraindo pessoas a ele, criando uma crescente rede de cientistas e outros estudiosos interessados no design inteligente. O bioquímico Michael Behe explica como uma crítica tendenciosa de Darwin No Banco Dos Réus na revista Science levou Behe a se juntar ao movimento do design:

A notícia me deixou tão bravo que escrevi uma carta para o editor da Science, que eles publicaram … Eu escrevi que esse tal Johnson em seu livro parece ser um leigo bastante inteligente, e que os cientistas fariam muito melhor em abordar a substância de seus argumentos do que confiar em ataques ad hominem. Cerca de uma semana depois, recebi uma carta com um endereço de retorno de Boalt Hall. … eu estava agora no circuito – estava dentro do círculo de conhecidos e contatos úteis de Phil Johnson.

[Behe em Darwin’s Nemesis, pp. 44-45]

Dembski explica que Johnson percebeu a importância que a internet teria em um momento que ela era ainda pouco conhecida, esse é um dos dois pontos importantes na origem do movimento do Design innteligente, o outro é a reunião em Pajaro Dunes. Sobre a lista de e-mails que manteve o grupo conectado e a reunião, Dembski diz:

Foi o que Phil fez em 1993. Dois movimentos de sua parte se mostraram cruciais para organizar o novo movimento do design inteligente. O primeiro foi organizar uma reunião privada de vários dias com líderes em potencial no movimento do design em Pajaro Dunes, sul de São Francisco. (Este evento é descrito no segmento de abertura do vídeo Unlocking the Mystery of Life.) A segunda, que se seguiu à reunião, foi insistir para que os participantes recebessem e-mails e fizessem parte de um servidor de listas que ele administraria da Universidade da Califórnia de Berkeley. A reunião em Pajaro Dunes foi fundamental para colocar todos nós no mesmo barco. A lista de e-mails foi fundamental para nos manter em rede e para criar impulso.

Johnson nos deixa um movimento crescente e um conjunto de obras (veja aqui) que nos ajuda a compreender os aspectos filosóficos e até ideológicos dentro dos limites das ciências. E mais, o espírito descrito na Carta à Contramilitância é uma herança dele:

Aos mais fortes gênios de nosso tempo, que de alguma forma resistem ao assédio ideológico – porque é necessária a maior determinação para se estar contra um mundo.

Johnson descansa agora como responsável pelo ressurgimento do Design Inteligente.


Leitura recomendada:

O que é o Design Inteligente?


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