A Teoria do Design Inteligente, segundo o Discovery Institute, simplesmente diz que certas características do universo e dos seres vivos são melhor explicadas por uma causa inteligente, e não por um processo não direcionado, como a seleção natural.
A definição que usamos neste Portal é:
A Teoria do Design Inteligente é uma teoria minimalista que pode ser resumida na assertiva que “certas características do Universo e da vida são melhores explicadas por uma causa inteligente e não por processos espontâneos e restrições naturais”.
O termo “espontâneo” substituiu o termo “estocástico” usado anteriormente para incluir a regularidade das causas eficientes. O conceito “restrições naturais” é fundamental nas especulações emergentistas e por isso foi incluso. De toda forma, isso é apenas um detalhamento mínimo da expressão “um processo não direcionado” na definição original.
Histórico
O movimento do Design Inteligente é relativamente recente, surgiu em 1993. No entanto, a concepção de Design é muito antiga como uma interpretação da natureza. Os primeiros registros pertencem aos gregos, especificamente os filósofos pré-socráticos.
A Mente e a Verdade
Os pré-socráticos, também chamados naturalistas ou filósofos da natureza (filósofos da Phýsis), procuravam explicar a natureza desde a sua origem e conceberam verdadeiras cosmogonias. Era a tentativa de alcançar a realidade primeira, seus princípios (arché). As especulações giravam em torno de quatro elementos: terra, água, fogo e ar. Os filósofos variavam nas especulações sobre quais eram mais primários, se havia realmente algum mais primário, sobre a combinação e natureza deles, mas um dos filósofos se destacou e foi a inspiração de Sócrates: Anaxágoras.
Ele concebeu outra substância, que não se misturava aos quatro elementos e os ordenava. Ele chamou de Nous (mente), “a mente ordenou ou arrumou as coisas; e ela sabia que assim deveria ser”. Apesar disso, em suas outras explicações sobre a natureza como eclipses, corpos celestes, arco-íris e meteoros, suas explicações eram naturalistas e por dizer coisas como “a lua é um corpo terroso e o Sol um metal incandescente”, acabou sendo acusado de impiedade em Atenas. Ora, os gregos consideravam Sol e a Lua deuses e ele acabou exilado. Na cidade de seu exílio, após sua morte, erigiram um altar em sua memória denominado Mente e a Verdade.
Veja mais sobre Anaxágoras em O Design Inteligente é Mais Antigo do que Você Pensa.
Antecedentes do movimento
A história começa na Inglaterra: Phillip E. Johnson, professor de Direito na Universidade da Califórnia em Berkeley, em uma visita ao Museu Britânico de História Natural. Segundo ele, os paleontólogos do museu apresentavam uma exposição descrevendo a teoria de Darwin como “uma possível explicação” das origens. Um furor apaixonado culminou com a remoção da exibição quando editores da prestigiosa revista científica Nature e outros no establishment científico denunciaram o museu por sua “ambivalência” em relação ao “fato aceito”. Intrigado com essa resposta a uma exposição inofensiva, Johnson decidiu investigar mais.
Logo depois disso Johnson, ainda em Londres, passou por uma grande livraria de ciências e notou dois livros sobre evolução, O Relojoeiro Cego (Richard Dawkins) e Evolução: Uma Teoria em Crise (Michael Denton). Ao ler as sinopses curiosamente percebeu que os dois biólogos estavam aparentemente levando a conclusões diametralmente opostas e por isso comprou os dois livros. A partir destes, comprou tudo o que poderia encontrar sobre o assunto e o que ele leu o deixou ainda mais desconfiado da ortodoxia evolucionária. “Algo sobre o estilo retórico dos darwinistas me fez pensar que eles escondiam algo”, recorda.
Um extenso exame da literatura evolucionista confirmou essa suspeita. A polêmica darwinista revelou uma surpreendente dependência em argumentos que pareciam pressupor, em vez de demonstrar. Ele percebeu também um interessante contraste entre os artigos científicos e as defesas a nível popular da teoria evolutiva. Os biólogos reconheciam muitas dificuldades significativas com modelos evolutivo e novos problemas surgiam a todo tempo. No entanto, ao defender os compromissos darwinistas básicos em livros populares ou livros didáticos, os darwinistas empregavam um estilo retórico evasivo e moralizante para minimizar os problemas e menosprezar os críticos. Johnson começou a se perguntar porque, dadas as dificuldades crescentes, os darwinistas permaneciam tão confiantes.
No livro Darwin no Banco dos Réus (1991), Johnson argumentou que os biólogos evolucionistas continuam confiantes não porque a evidência empírica geralmente apóia a teoria, mas porque sua percepção das regras do procedimento científico virtualmente impede que eles considerem qualquer visão alternativa. Embora Johnson aceitasse essa convenção, chamada “naturalismo metodológico”, como uma descrição precisa de quanto da ciência opera, ele argumentou que tratá-la como uma regra normativa ao procurar estabelecer que os processos naturais por si só produzem a vida assume o ponto exato que estão tentando estabelecer.
Contudo, se a hipótese do design deve ser negada desde o início, “as regras de argumento. […] tornam impossível questionar se o que estamos dizendo sobre a evolução é realmente verdade. ”Definir posições opostas como fora da existência“ pode ser uma maneira de ganhar uma discussão”, mas, dificilmente é suficiente para demonstrar a superioridade de uma teoria protegida. Como poderia um cientista afirmar a inferência a melhor explicação se a adequação causal de algumas hipóteses fosse arbitrariamente excluída da consideração? Para que o método de múltiplas hipóteses concorrentes funcione, as hipóteses devem poder competir sem restrições artificiais.
Em qualquer caso, quando Darwin no Banco dos Réus foi publicado acabou gerando uma repercussão na mídia com revistas e jornais criticando o livro ou traçando o perfil do professor excêntrico de Berkeley. Grandes revistas científicas, incluindo Nature, Science e Scientific American; também publicaram críticas. As resenhas, incluindo uma de Stephen J. Gould, eram uniformemente críticas e até mesmo hostis. No entanto, essas revisões ajudaram a divulgar a crítica e atraíram muitos cientistas que compartilhavam esse ceticismo sobre o neodarwinismo. Isso permitiu que Johnson fizesse algo que, até então, não havia sido feito: reunir cientistas dissidentes de todo o mundo.
Um desses cientistas, bioquímico da Universidade Lehigh, Michael Behe, duvidou da evolução darwiniana da mesma forma que Johnson – lendo a Evolução de Denton: uma teoria em crise. Em 1992, ele escreveu uma carta para a Science defendendo o novo livro de Johnson depois que viu as críticas ao livro. Quando Johnson viu a carta na Science, ele entrou em contato com Behe e acabou convidando-o para um simpósio no Texas, onde Johnson debateu o filósofo da ciência darwinista Michael Ruse. A reunião foi significativa por dois motivos. Primeiro, como Behe explicou, os cientistas céticos sobre Darwin, que estavam presentes no debate, foram capazes de experimentar o que eles já acreditavam intelectualmente – eles tinham fortes argumentos que poderiam suportar o escrutínio de alto nível de seus pares. Em segundo lugar, muitos dos líderes da comunidade de pesquisa em design inteligente se reuniam pela primeira vez em um só lugar. Antes, cada um tinha sido um cético solitário, inseguro de como proceder contra um paradigma científico entrincheirado. Agora entendemos que fazíamos parte de uma comunidade intelectual interdisciplinar.
O movimento moderno do Design Inteligente
Depois do simpósio, Johnson organizou uma reunião maior no ano seguinte (1993) para um grupo central de dissidentes em Pajaro Dunes, Califórnia (Desvendando o mistério da vida). Cada um trouxe suas ideias sobre ciência e as discussões foram muito proveitosas. Por sugestão de Johnson, uma lista de e-mails foi criada para que pudessem permanecer em contato e aprimorar as ideias. Essa reunião marcante inicia a história do movimento que se consolidou.
Desde então a ideia se espalhou pelo mundo através de muita resistência.
Conheça um pouco do trabalho relacionado a essa história (publicações).
Contém excertos de: Stephen C. Meyer. A Scientific History and Philosophical Defense of the Theory of Intelligent Design. October, 7, 2008.
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