Uma estratégia recorrente em debates é a tentativa de se invalidar uma ideia por sua gênese, o que não passa de falácia genética. Várias teorias do nosso tempo possuem origem em mitos, a partir de aspectos que eram ou se tornaram testáveis.
Essa é uma face desconhecida para os leigos em ciências e na história da ciência, principalmente os cientificistas – que defendem ardentemente o que não entendem e atacam apaixonadamente o que querem ignorar. Os grandes filósofos da ciência do século XX porém não deixaram em branco, o maior deles, Popper, escreveu:
“Ao mesmo tempo, percebi que alguns desses mitos podem desenvolver-se e tornar-se ‘testáveis’. Compreendi que, historicamente, todas – ou quase todas as teoria científicas se originaram em mitos; que um mito pode conter importantes antecipações de teorias científicas”.
O Design Inteligente é uma proposta que possui origem nas impressões, na intuição e na inquirição filosófica , mas ainda que a origem fosse o criacionismo científico, e esse originado do relato bíblico, isso não acarretaria em qualquer prejuízo e nem seria razão de objeção aceitável. E mais, os que pensam que isso é significante só demonstram ignorância quando o que provavelmente defendem foi usado na exemplificação dos casos de origem mitológica:
“Como exemplos, citaria a teoria da evolução por erros e acertos, de Empédocles, e o mito de Parmênides sobre o Universo imutável, onde nada jamais acontece.”
É mais intuitivo pensar, entretanto, que as ideias evolutivas do século XIX derivam da influência oriental na sociedade inglesa, especialmente a proveniente da Índia.
O que podemos concluir é que o cientificismo atual, principalmente o dos “divulgadores da ciência” e ativistas da internet, se alimenta e se propaga na ignorância.
Popper, Karl R. Conjecturas e refutações:(o progresso do conhecimento científ́ico). Ed. Universidade de Brasília, 1972.
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