A evolução guiada tem sido um abrigo confortável para os que procuram conciliar crenças pessoais com a perspectiva dominante na ciência.
A verdade é que, através dos próprios métodos científicos, o poder da evolução guiada (ou dirigida) é exponencialmente maior do que uma evolução cega. Os números obtidos nos experimentos do Dr. Axe são insignificantes frente a magnitude dos valores requeridos na formação da riqueza informacional dos organismos. As melhores inferências, estatisticamente falando, são esmagadoramente favoráveis ao cenário de sutil direcionamento da evolução.
A seleção natural é apresentada para as crianças em um caso de “uma característica vantajosa beneficiando organismos em uma população”, porém, na vida real, dentro de cada pequena célula em um organismo, milhares de proteínas e máquinas moleculares trabalham, cada uma requerendo seu próprio protagonismo em seu design. Todas essas milhares de unidades possuem design elaborado em um oceano de possibilidades infrutíferas. É óbvio que nenhum mecanismo direcionador grosseiro proposto daria o acabamento a cada uma tal como encontramos no universo biológico. O que faria essas estruturas convergirem, entre as gerações, de um organismo para um outro totalmente distinto mantendo a reconhecida qualidade que existe na vida?
Sabendo de toda sofisticação, a assinatura na célula, nós precisamos de um mecanismo onipresente desenvolvendo cada estrutura, guiando esse processo! Buscando entre as causas conhecidas não encontramos nada com essa habilidade quando descartamos a agência inteligente. Ora, no fim de tudo, se a seleção natural nivela por baixo, o que vem dirigindo em detalhes todo esse processo?
Behe e a Ancestralidade Universal Comum
Behe é um dos principais proponentes dentro do movimento do Design Inteligente. Behe usa um exemplo: se uma característica padrão partilhada indica ancestralidade, quanto mais um erro? Sim, dois organismos podem ser feitos com os mesmos componentes e aparentarem ancestralidade comum sem que isso seja realmente verdade, mas se os dois possuem um mesmo erro, a melhor inferência é a ancestralidade comum. Todos concordam com isso.
"Essa forte evidência a partir dos pontos do pseudogene (era responsável pela vitamina C) aponta para ancestrais anteriores aos humanos. Apesar de alguns enigmas restantes, não há nenhuma razão para duvidar de que Darwin tinha razão neste ponto, que todas as criaturas da Terra são parentes biológicos." - Michael Behe
Porém, se há algo guiando o suposto processo que desenvolveu toda a riqueza informacional da vida, qual a razão desses erros permanecerem? Todo design é suscetível ao tempo, mas se há algo guiando o processo teremos alguma reparação ocorrendo. E um outro fator apareceu no contexto: esse gene com erro (pseudogene) vem perdendo a função em vários gêneros. Aparentemente é um gene mais frágil, não só nos primatas. Como a perda de sua funcionalidade não apresenta um efeito imediato, e é em grande parte tolerado, esse gene é suscetível a se tornar inútil em todo o reino animal.
Pelo gráfico podemos inferir que grande parte dos primatas perdeu o gene em um ancestral comum no passado. Os morcegos perderam a funcionalidade de modo semelhante [2]. Porém o gene em humanos não aparenta ter passado tanto tempo sem função e entre os morcegos há ainda alguns que possuem funcionalidade, como podemos ver abaixo.
A possibilidade de reversões terem recuperado a função é implausível dado o tempo. Seriam necessárias muitas reversões. [1]
Justamente o exemplo mor de ancestralidade comum, e de que a evolução gera diversidade, na verdade nos mostra que o processo é bem diferente do que nos fazem acreditar.
Sobre a manutenção do design
A seleção natural não consegue atuar em todo o sistema orgânico sequer pra manter a qualidade padrão. Sim, num contexto de perpetuação dos organismos originais é ironicamente a seleção natural que garantiria a manutenção de todas as funções. Mas sabemos que isso não ocorre. As miríades de funcionalidades possuem relevâncias distintas e a tendência geral é um nivelamento por baixo (como no caso do gene exposto acima, suscetível à degradação).
A ideia de mutações aleatórias também não é totalmente verdadeira, podemos perceber certas tendências predominantes nas mutações [3]. Ao acompanhar a degradação do gene responsável pela vitamina C em diversos gêneros percebemos que os organismos não recebem nenhuma manutenção “especial”. Percebemos também que as milhares de utilidades não podem ser mantidas com um mecanismo tosco como a seleção natural (quanto mais criadas) – a tendência dos sistemas segue longe da esperança da comunidade científica. (E é por essa razão que os efeitos nocivos de mutações se manifestam em frequências conhecidas).
Este não é o único gene nesta situação, no desenrolar do tempo estamos perdendo continuamente muito mais do que podemos ganhar. Parafraseando o Dr. Crabtree [4]: a análise das taxas de mutação e o número de genes necessários para a aptidão de cada uma das milhares de estruturas indicam que é quase certo que estamos perdendo essas funcionalidades. Se sim, como então as obtivemos? E quando as coisas começaram a mudar?
[1] Drouin, Guy, Jean-Rémi Godin, and Benoît Pagé. “The genetics of vitamin C loss in vertebrates.” Current genomics 12.5 (2011): 371-378. [2] Cui, Jie, et al. “Progressive pseudogenization: vitamin C synthesis and its loss in bats.” Molecular biology and evolution 28.2 (2011): 1025-1031.
Lachapelle, Marc Y., and Guy Drouin. “Inactivation dates of the human and guinea pig vitamin C genes.” Genetica 139.2 (2011): 199-207.
[3] Werner, Benjamin, David Dingli, and Arne Traulsen. “A deterministic model for the occurrence and dynamics of multiple mutations in hierarchically organized tissues.” Journal of The Royal Society Interface 10.85 (2013): 20130349. [4] Gerald R. Crabtree. Our fragile intellect. Part IIBeckman Center, B211, Stanford University, 279 Campus Drive, Stanford, CA 94305, USA
Olá Eskelsen!
Fiz uma lista de alteração que, ao meu ver, podem contribuir de alguma forma para melhorar o texto. Segue a lista:
Alteração 1
Sabendo de toda sofisticação, a assinatura na célula, nós precisamos de um designer onipresente desenvolvendo cada estrutura, guiando esse processo! Ora, no fim de tudo, se a seleção natural nivela por baixo, o que vem dirigindo em detalhes todo esse processo?
Acho que o parágrafo acima vai rápido demais. Ele poderia desenvolver um pouco mais o argumento. Redigi uma sugestão de redação logo abaixo.
Sabendo de toda sofisticação, a assinatura na célula, nós precisamos de algo, ou alguém, que seja capaz de desenvolver cada estrutura, guiando esse processo! A única causa conhecida que poderia fazer essa tarefa é uma mente extraordinariamente inteligente que nós, adeptos do DI, chamamos de designer. Ora, no fim de tudo, se a seleção natural nivela por baixo, o que vem dirigindo em detalhes todo esse processo?
Alteração 2
Behe é um dos principais [?] dentro do movimento do Design Inteligente.
Acho que o termo “principais” exige um complemento. Por exemplo: principais cientistas, principais teóricos, etc.
Alteração 3
E um outro fator apareceu no contexto: esse gene com erro (pseudogene) vem perdendo a função em vários gêneros, é aparentemente mais frágil, não só nos primatas.
Parece que o texto ficaria mais compreensível se depois de “em vários gêneros” colocássemos um ponto final ao invés da vírgula.
Alteração 4
Justamente o exemplo mor de ancestralidade comum e de que a evolução gera diversidade deixa claro que o processo é bem diferente do que nos fazem acreditar.
Penso que o parágrafo acima não estabelece uma relação clara entre as premissas e as conclusões do argumento.
Alteração 5
No meu entender, o título é muito sensacionalista. Penso que outro título se adequaria mais aos nossos propósitos de divulgar o DI de maneira consistente e sólida. O título poderia ser “Uma crítica a evolução guiada (dirigida)”.
Espero que minhas palavras possam contribuir de alguma maneira.
Cordialmente
Filipe
Muito obrigado pelas recomendações, amigo.
Em ciência se destrói com luvas ou marretas ?