Imagem: Alasca, Mar de Bering, Ilha Punuk; Capitão Budd Christman, NOAA Corps.
Há pouco tempo, nós consideramos a arqueologia e a criptologia como exemplos da ciência do Design Inteligente em ação. A ciência forense é outro exemplo. Ela procura distinguir causas intencionais de causas acidentais em situações ou eventos humanos. Por exemplo, num julgamento de assassinato, todas as evidências são examinadas para que se determine se a vítima morreu de causas naturais ou se foi morta intencionalmente. Quanto mais perfeito for o crime, mais difícil será essa tarefa.
Porém, declarar culpa ou inocência não é a tarefa da equipe forense — e nem de identificar o assassino ou a motivação dele. Seu trabalho é apenas determinar se a morte foi acidental ou se foi projetada intencionalmente (neste caso, por um projeto mau). A vida de uma pessoa acusada pode estar em jogo. Talvez a presença do réu na cena do crime tenha sido uma coincidência, no momento em que a vítima teve um ataque cardíaco natural. Como qualquer um poderia saber, com toda a ciência do Design Inteligente a disposição, as evidências são cruciais para fazer uma inferência adequada ao design.
Ciência forense nuclear
A ciência forense se aplica a muito mais do que investigações de cenas de crime. Na revista Nature de novembro de 2013, Klaus Meyer alegou que a proliferação de materiais nucleares exige a expansão da “ciência forense nuclear” — a capacidade de caracterizar materiais nucleares para deter o tráfico ilícito e o terrorismo. Mais especialistas com boas práticas estão sendo necessários neste trabalho tão importante.
Meyer lista alguns dos questionamentos que os peritos forenses nucleares fazem:
Funcionários detectam materiais nucleares ilícitos nas fronteiras, nos portos e aeroportos ou nos territórios estaduais pela medição da radiação direta ou agindo com informações privilegiadas da polícia ou dos serviços de inteligência. Sempre que uma amostra é interceptada, as agências querem saber: quais leis foram quebradas? Quando e onde foi o material produzido? Qual foi o uso pretendido? Onde estava o material roubado ou desviado? Existem maiores quantidades do material? Cientistas forenses nucleares tentam responder a esses questionamentos.
Ninguém pensaria que esses cientistas forenses nucleares não sejam cientistas só por acreditarem que alguém agiu intencionalmente. Não, eles estão preocupados em avaliar provas empíricas e fazer inferências de intencionalidade. Digamos que 300 gramas de óxido de plutônio sejam interceptados, como aconteceu no aeroporto de Munique, em 1994. Identificar o material e conhecer a improbabilidade de ele ser encontrado em um aeroporto por causas puramente naturais — ou até mesmo causas acidentais, tal como um passageiro comum perdê-lo — justificaria uma inferência de intencionalidade.
Existem muitas coisas que um cientista forense nuclear poderia inferir por exame direto do material radioativo. Meyer explica:
As assinaturas químicas e físicas de um material radioativo — a partir da sua aparência e microestrutura até à sua composição elementar e isotópica — dão esclarecimentos sobre sua origem e história. Por exemplo, as proporções de isótopos das impurezas de estrôncio numa amostra de urânio natural podem indicar se ele foi extraído na Austrália ou Namíbia. A presença de subprodutos de decaimentos nucleares revelam a data de produção do material, e produtos, como o urânio-236, de reações de nêutrons indicam que ele foi irradiado em uma usina elétrica.
A ciência forense nuclear é um campo relativamente novo, pequeno e especializado da ciência forense. Meyer argumenta que métodos melhores para identificar assinaturas de materiais nucleares aumentará a solidez das suas respostas, e, assim, a sua credibilidade. Geralmente, isso é verdadeiro para todas as ciências de Design Inteligente. Quanto mais robustos forem os métodos, maior será a credibilidade da inferência ao design. O receio de Meyer é que, sem um número suficiente de especialistas na área, contrabandistas e terroristas possam evitar serem processados. Eis aqui uma ciência de Design Inteligente com implicações amplas para a segurança internacional.
Considere este caso real da ciência forense em ação. Ele está pronto para ser tratado como roteiro de cinema:
Há alguns anos atrás, num país europeu, um detector de radiação numa estação de reciclagem de sucata disparou um alarme. Uma peça de aço num carregamento vindo do sul da Ásia tinha um depósito esverdeado, e que uma medição rápida mostrou que era urânio natural. Uma amostra foi enviada para o nosso laboratório de investigação nuclear em Karlsruhe, Alemanha, onde eu e minha equipe identificamos o material verde como tetrafluoreto de urânio, um produto intermediário do processamento de urânio encontrado normalmente no enriquecimento do isótopo. A datação sugeriu que ele foi produzido em 1978. Mas as impurezas químicas, particularmente no padrão dos elementos raros terrestres (incluindo lantânio, neodímio e samário), indicou que o urânio veio de um subtipo de arenito não encontrado no país suspeito de origem, mas sim na China, Austrália, Níger ou na República Tcheca...
A história engrossou a partir daí. Pistas adicionais apontaram para Níger como país de origem. Assim, a origem e a história do material mostraram que o processamento de urânio e seu enriquecimento já tinham sido pegos num estágio muito precoce das atividades nucleares do país.
Este exemplo mostra como inferências precisas podem ser feitas a partir de evidências empíricas, baseadas na eliminação de pequenas probabilidades — assim como Bill Dembski descreve no livro The Design Inference. A improbabilidade de o material ser proveniente de qualquer outro lugar ou momento permitiu que a equipe forense tirasse conclusões concretas. Os detalhes do material, incluindo a forma das pastilhas, sua composição e a quantidade de decaimento dos isótopos-pai, deram pistas que os cientistas usaram para identificar a origem e inferir causas intencionais das causas naturais, sem conhecer a identidade ou as motivações dos autores. Esta é exatamente a abordagem que Stephen Meyer usou no livro Signature in the Cell para inferir intencionalidade no código genético.
Tal como acontece com o Design Inteligente na biologia, a ciência forense depende de especialistas em vários campos. A ciência forense nuclear precisa de “químicos nucleares especializados, físicos nucleares e engenheiros nucleares com experiência prática no ciclo do combustível nuclear e na produção ou na análise de material nuclear”, aconselha Klaus Meyer. Da mesma forma, inferir intencionalidade na célula, na terra e no universo depende de especialistas em campos tão diversos como a bioquímica e cosmologia. No entanto, pode-se chegar a inferências concretas com informações suficientes, se não exaustivas: “A medição de alguns parâmetros pode fornecer informações suficientes para fins de aplicação da lei”, diz Meyer. De forma similar, o cálculo de pequenas probabilidades pode chegar um nível suficiente, a partir do qual mais evidências para a inferência ao design se tornam supérfluas.
Ciência forense histórica
Outro artigo sobre ciência forense aparece na mesma edição da revista Nature. Alison Abbott faz revisão de um novo livro de Christian Jennings, Bosnia’s Million Bones Solving the World’s Greatest Forensic Puzzle. Dessa vez, os autores eram conhecidos: sérvios bósnios assassinaram cerca de 100.000 de seus compatriotas durante os vergonhosos anos de 1992 a 1995. O que eram desconhecidas eram as identidades de milhares de vítimas cujos corpos tinham sido despejados em valas comuns e, em seguida, enterrados em outro lugar. As famílias em luto queriam dar a seus queridos entes enterros mais apropriados.
Procurar descobrir essas identidades era “o maior enigma forense do mundo”, Jennings descreve em seu livro. Os sérvios, querendo encobrir suas atrocidades, tinham arrasado com as primeiras valas comuns e as redistribuíram para mais de 30 locais distantes. O livro de Jennings “conta a história de como a inovadora genética forense resolveu o terrível enigma de identificar cada osso, de modo que as famílias em luto pudessem ter alguma paz”.
Observe que isso é chamado de “genética forense”, não de religião ou mitologia.
A tarefa, uma obra-prima do inferno, requeria identificar os locais distantes de sepultamento a partir das pesquisas aéreas e terrestres de solos perturbados, desenterrando os restos, e então interpretar metodicamente os “padrões” para identificação. Aqui se percebe uma questão a ser colocada na detecção de design: este pedaço de terra foi perturbado naturalmente — ou seja, por um deslizamento de terra, furacão ou por uma debandada de animais — ou foi perturbado intencionalmente para encobrir uma vala comum? Várias pistas foram necessárias para garantir uma inferência ao design:
Eles reuniram alguns indícios de como e quando os assassinatos em massa aconteceram a partir de pistas como o estado de decomposição dos corpos, as horas e datas em seus relógios de corda automática, e os padrões característicos dos danos causados em crânios com balas. Análise das cores e das texturas dos solos apontaram para onde alguns dos ossos tinham sido despejados primeiro. Por exemplo, lascas de vidro indicavam enterro perto de uma fábrica de vidro na área.
A partir de então, o exame de DNA foi a única forma segura de identificar as vítimas. “A tarefa de identificar os ossos foi extraordinariamente difícil”, diz Abbott, mas os métodos forenses funcionaram. Por meio dessa análise, mais de 80% dos restos mortais foram devolvidos às suas famílias para o enterro.
Ambos os artigos na revista Nature confirmam a ciência forense como uma ciência legítima. A ciência forense trata de detecção de intencionalidade (causação natural ou intencional), interpretando padrões, e fazendo inferências ao design. As vezes o designer é conhecido; as vezes não. De qualquer forma, a identidade e as motivações do designer são irrelevantes para a validação de uma inferência ao design. Só importam as evidências. Os cientistas forenses seguem as evidências até onde elas levam. As implicações ficam para que outros as considerem.
Postado originalmente no site Universo Privilegiado (e também no Facebook).
Texto traduzido e adaptado de Evolution News & Views.
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