As Ilhas funcionais de Axe

As ilhas são uma analogia para o caso do design / ©

Todos os padrões de design são resultados de alguma busca¹. Quando Santos Dumont desenvolveu o avião 14-bis, ele procurava as melhores formas para alcançar o objetivo de voar. Talvez muitos fossem céticos quanto a possibilidade disso, mas ele acreditava que no oceano de formas encontraria aquelas que propiciariam o voo. Essa aposta é necessária, porque não é o tipo de coisa que se encontra acidentalmente e sem esforço.

E o design biológico? É exatamente a mesma lógica, mas sem o objetivo. Na perspectiva darwiniana, as variedades são como testes e as melhores formas vem da aptidão. Por isso que tanto o design quanto o darwinismo podem ser comparados na perspectiva de “busca” de adequação. Bom, então o darwinismo resolveu o antigo problema da origem do design biológico? Não. Por quê? Porque o design não é contínuo.

Ilhas funcionais de Axe: pontos ótimos, espaço funcional e uma ilha adjacente.

O design biológico, como qualquer outro design, se apresenta como um ponto em um oceano de possibilidades. Por que o avião demorou tanto tempo para ser feito sendo que temos os mesmos recursos materiais desde a idade da pedra? Porque o espaço de possibilidades é imenso. Existem muitas mais formas desfavoráveis ao voo do que favoráveis, mas uma vez que se encontra uma forma funcional, pode-se testar as variações explorando o espaço de possibilidades (em busca da melhor forma). Ao realizar a exploração, percebemos que a eficiência máxima (ponto ótimo) é cercada de pontos menos eficientes conforme se distanciam do ponto ótimo até se tornarem inaproveitáveis. Praticamente este é o conceito das “ilhas” de Axe: a terra firme em meio ao Oceano de possibilidades.

Por essa razão existe a expressão “ajuste fino”, uma estreita faixa de valores, porque ela permeia o conceito de design. A ideia de ilha não é apresentada formalmente, mas é útil. O nome Axe é em referência ao pesquisador do Design Inteligente que apresentou um artigo abordando esse problema evolutivo para dar contornos ao design.

A Evolução e as Ilhas Funcionais

A evolução faz buscas nas adjacências das formas existentes, pequenas variações da forma original. Como mencionei acima, as variedades são lançadas como uma busca pela adequação. Através da duplicação de genes um organismo pode manter uma proteína em suas funções enquanto uma cópia dela fica livre para explorar o espaço adjacente. Em muitos casos é possível que ela seja “recrutada” para alguma função semelhante a original. Isso é muito bom. Mas os organismos possuem muitas demandas e muitas necessidades específicas, as funcionalidades de um organismo são, claramente, distintas e distantes (ilhas). Uma busca cega no vasto espaço de possibilidades é inviável.

Como diria Ann Gauger:

Portanto, a menos que sequências funcionais sejam fáceis de encontrar (muito comuns) e/ou agrupadas (facilmente alcançáveis de uma ilha funcional para outra), é impossível explicar a diversidade atual de proteínas sem planejamento.

De fato, em Engenharia da Exaustão nós vimos que o espaço possibilidades para proteínas funcionais esgotaria facilmente nossa capacidade de processamento global. No minidocumentário Enigma da Informação o caso é ilustrado (participação de Axe e Meyer).

Enfim, isso não é nem complexidade irredutível ainda.


Nota¹: a perspectiva de busca (procura/pesquisa) é usada por Dembski em um texto sobre Conservação da Informação que estou traduzindo no momento.


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