A Ignorância por Evidência

Imagem meramente ilustrativa.

Têm sido comum um tipo de inferência em que o número de casos justifica uma hipótese qualquer. Isso é, um grande número de casos ou até mesmo apenas um caso extra indica que um processo desconhecido assumido seja verdadeiro. O valor explicativo da hipótese é irrelevante, o aumento do número de casos determina que ela é a melhor explicação. Se tal fato ou elemento é comum, então a hipótese sobre ele é verdadeira.

Esse tipo de inferência por ignorância se baseia no Princípio de Mediocridade: não há nada de “especial” na natureza, portanto as coisas devem ser comuns e ocorrerem em certa frequência nas condições adequadas. Ao invés de uma causa que corresponda ao efeito, o simples fato do efeito ser aparentemente “comum” implica que a causa seja comum. O inverso seria: um efeito especial implicaria em uma causa especial.

Um caso bem conhecido é o dos olhos. A hipótese de evolução dos olhos recebeu “reforço” pela descoberta de que outros tipos de olhos na natureza apareceram de forma independente. Isso é, ao invés de um problema são vários. Mas a lógica da inferência funciona de forma inversa: quanto mais casos de ignorância, mais certeza da hipótese: evoluiu.

Se há vários olhos, então é comum que eles surjam da forma que acreditamos. Ao invés de vários problemas, como na ciência convencional, temos mais certeza, como se a ignorância adicional fosse uma evidência especial. O nosso conhecimento sobre o suposto processo permanece o mesmo, todos os problemas permanecem, e esses outros processos distintos trazem seus próprios problemas, mas a certeza aumenta, eis a essência da real inferência a ignorância. Esse tipo de inferência é muito propagada e festejada por “divulgadores científicos” (ativistas com viés cientificista ingênuo)

Por isso, e agora vocês vão entender, a obstinação por encontrar vida fora da Terra. Por quê? Eles não sabem como a vida surgiu na Terra, esse é o problema. Mas, se eles encontrarem vida em outro planeta, logo é algo “comum de acontecer”. Continuamos sem saber como aconteceu, e se a vida for igual a Terra, surge o problema de possível origem comum; se for diferente, o problema do “como aconteceu” se multiplica, mas pra eles aconteceu da forma que assumiram (porque a ignorância por evidência é uma petição de princípio). Essa tem sido a inferência de ignorância tomada como científica.

E, de quebra, podemos revelar a natureza ideológica da inferência não-falseável ao perguntar: então se não encontrarmos vida em nenhum lugar, é válida a inferência contrária? Que a vida é especial e não surge espontaneamente? Claro que não, aí o raciocínio e critérios voltam a normalidade: “não podemos concluir nada”.

Abundância ou raridade não são evidências suficientes sobre causas, no máximo servem como indício para favorecer uma ou outra causa em um dado contexto.


6 Comentários

  1. Meu caro. Você está equivocado, a inferência científica é estatística e remete as conclusões para o que é mais provável e não para o que é verdadeiro. Quer dizer que se uma pesquisa eleitoral diz que o candidato A tem uma intenção de voto de 80% então eu não posso afirmar que a probabilidade maior é que ele ganhe a eleição? Quer dizer que para estudar a possibilidade de vida extraterrestre precisa-se primeiro saber como ela surgiu na Terra? Isto equivale a dizer que ninguém pode aprender a dirigir sem antes saber em detalhes como um carro funciona. Argumentos como estes são um insulto a inteligência e ao bom senso das pessoas.

    Pela natureza religiosa deste site eu até entendo a sua necessidade de distorcer as evidências do mundo para justificar seus dogmas de fé e suas verdades pessoais, mas a natureza não dá a mínima para dogmas, mitos religiosos ou histórias de livros sagrados e sempre vai continuar mostrando outras verdades bem diferentes.

    • Eu vou deixar esse comentário aqui como exemplo de tudo que venho afirmando. Quem entendeu o texto, e conhece o Portal, ao ler o comentário vai entender perfeitamente.

  2. A técnica de inferência mencionada no texto, baseada na ignorância, é muito utilizada por pessoas que desconhecem questões básicas de raciocínio, sendo os principais os dedutivo e o indutivo. Minha avó, por exemplo, sempre sabia quando iria chover, porque sempre que certas condições ocorriam, como sua perda doer, o galo cantar X vezes, etc, acabava chovendo depois. Assim também agem as pessoas que consultam videntes, e alteram suas vidas baseadas nas previsões.

    O problema com este tipo de atitude é que estas pessoas só consideram os acertos menosprezando os erros (ignorância). Deste modo, aparentemente a dor na perda indica mesmo chuva e o vidente sempre acerta, mas isso só acontece porque as pessoas dão extrema importância ao acerto e nenhuma ao erro. Com certeza se elas anotassem as previsões em um tabela e depois verificassem os erros, depois de algum tempo transcorrido, veriam que mais erraram do que acertaram.

    Na ciência, atitudes contrárias devem ser esperadas!

    Mas é claro que em muitas situações utilizar toda uma população para experimentação é inviável, por isso escolhe-se apenas uma amostra da população que seja estatisticamente significante. Os teste estatísticos de hipóteses permitem estabelecer um percentual de confiança para o resultado encontrado. Assim, pelo exemplo dado pelo Marllow, é claro que o candidato A tem maior probabilidade de ganhar, e, se a pesquisa foi realizada da forma correta, com um nível de confiança de 99%, por exemplo, então ele ganhará com certeza. Por isso, as pesquisas eleitorais devem ser realizadas em todo o território nacional, no intuito de abranger a maior variabilidade possível de opiniões.

    No entanto, a biologia não tem aplicado essa regra irrestritamente. Seus estudos concluem que umas amostras de algumas populações de algumas espécies, restritas a certos ambientes, evoluíram pela seleção natural. Até aqui tudo bem, essa constatação é válida para aquelas amostras analisadas, com algum nível de confiança. Mas o problema vem em seguida, porque os biólogos simplesmente extrapolam essas constatações para todas as espécies do planeta terra, mesmo aquelas desconhecidas ou cujo conhecimento só é suposto devido a algum fragmento de osso encontrado.

    Dai aparecem cientistas e mostram que não é possível que a seleção natural explique alguns vários organismos, num nível macro e microscópico. Tais resultados são então as previsões erradas da ideia evolucionista. A atitude correta dos proponentes desta teoria seria pensar que se a teoria erra para muitos casos, então o que se tem é um conhecimento baseado no “princípio da mediocridade”. Ou seja, a frequência comum de observação é falsa. Ou seja, esta frequência não é tão comum quanto suporão, aliás ela nem mesmo é comum, se considerar todas as novas descobertas atuais. Ela só ocorre para algumas amostras da população e falha para as demais. Ela só é verdadeira em ambientes específicos ou controlados, ou ainda quando certas condições iniciais são estabelecida a priori.

    Neste sentido, a teoria da evolução seria no máximo adequada para casos restritos. E a Teoria do Design Inteligente propõe justamente isso: que a seleção natural age modificando as espécies no nível molecular porque é isso que observamos na natureza dada a variedade de espécies, mas por outro lado, o surgimento da vida em toda a sua complexidade jamais poderia ser explicado pela seleção natural, que falha em dar respostas ao surgimento de mecanismos moleculares com complexidade irredutível, tal com o flagelo bacteriano.

    Assim surgem absurdos para solução do problema da vida na terra ao transportar este surgimento para outro planeta, ou seja, adia-se a explicação do surgimento da vida, para quando, por ventura, encontrarem outro planeta com vida. É bem provável que quando encontrem, não sejam tão inteligentes quando alguns pensam, pois caso contrário, se a probabilidade fosse alta, o projeto S.E.T.I já teria detecto tal civilização. Dai surgirá outro problema, como explicar a evolução de organismos mais simples… E isso não para nunca! Exceto se um Design for colocado nas deduções.

    Devemos ser sinceros e expor a conclusão que uma argumentação correta revela, independentemente de qual seja: se fomos planejados ou se evoluímos.

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